Materialidade do livro: você já ouviu falar?

Livro "Essa casa que é só minha" ilustra a materialidade do livro com uma casa com chaminé.Você já parou para pensar em como a materialidade do livro cumpre uma função fundamental na narrativa? Ela nos instiga a “pensar com as mãos”. Neste texto, vamos explicar como isso acontece, a partir da apresentação do conceito e da importância de sua aplicação para a experiência de leitura. Traremos, ainda, exemplos de obras que vão encantar os jovens leitores. Veja!

O que é a materialidade do livro?

Materialidade é o conjunto de aspectos físicos que vai definir o livro como objeto. Todos os elementos oferecem algo a ser explorado. Em alguns exemplares, eles são parte fundamental do enredo, ou seja, ajudam a contar a história. A literatura é uma linguagem que não se manifesta, exclusivamente, nos escritos e ilustrações. Portanto, a experiência do leitor é influenciada por diversos fatores. Abaixo, exemplificamos alguns.

  • Formato;
  • Peso;
  • Textura;
  • Abertura;
  • Dobra;
  • Costura;
  • Tamanho;
  • Aba;
  • Tipo de material. 

A prática interativa é um recurso valiosíssimo na literatura infantil. No entanto, pais e professores devem ficar atentos se os livros oferecem total segurança aos pequenos, com materiais atóxicos, peças em tamanhos compatíveis à idade da criança e ausência de itens pontiagudos.  

Qual é a importância da materialidade?

A materialidade do livro ajuda a contar uma história. Assim como as palavras e as imagens, ela contribui para a imersão na narrativa. Não há limites para a criatividade do autor, do ilustrador e nem da equipe editorial na produção. A textura fofa do pelo de um urso e a áspera de uma concha, por exemplo, podem se fazer presentes. 

Da mesma forma, uma espiral de palavras exigirá o giro do livro para compreensão, surpreendendo aquele que o folheia. Cenários em 3D, dedoches e peças interativas, como uma escova de dentes e uma boca aberta, são possibilidades de enriquecimento da experiência de leitura. A diversidade de materiais tem contribuição na elaboração e comunicação de pensamentos.

Nem todo livro funciona no formato quadrado, no modelo regular, com papel comum. Lançamos mão da materialidade como forma de provocar a imaginação das crianças, permitindo que elas acessem o conteúdo através de perspectivas múltiplas. Ela ajuda a elaborar e comunicar nossos pensamentos. Quanto poder tem a literatura infantil! Te convidamos a explorá-lo.

Qual é o melhor material?

Não existe. Papel, pano e plástico podem ser excelentes opções. Vale considerar a qualidade e o conteúdo literário. Os elementos e a narrativa devem “conversar”. Para acertar na escolha, observe o conjunto da obra. Tudo importa. Pense em como o objeto livro estimula o pensamento lúdico da criança, na fase de desenvolvimento que ela está. O aspecto físico é parte da história.

Cabe ressaltar que a materialidade do livro não deve apenas trazer recursos funcionais e utilitários, mas estimular o pensamento simbólico com o prazer lúdico. O objeto vai além do brinquedo, já que traz algo a mais a partir da narrativa.

O livro “Essa casa que é só minha”, de Cláudio Fragata, é um exemplo de como a materialidade do livro exerce papel fundamental na história. Esse texto poético e sensível é ilustrado pela premiada Simone Matias e ganha ainda mais vida com o surpreendente projeto de Romero Ronconi. Mais que acompanhar o protagonista que vive um amor não correspondido, o leitor poderá montar uma “casa” só dele com a capa, contracapa e orelhas.

Você, que gostou do assunto materialidade do livro, vai curtir saber que a Aletria inaugurou o selo Cafuné. Ele pretende experimentar novos materiais e formatos na concepção de narrativas para bebês. Conheça o “O cocô do urso Clodoaldo, de Thais Laham Morello e Clara Gavilan. A obra estreou a coleção Cafuné e abre a possibilidade de diálogos sobre a fase do desfralde.