Uma ode à simplicidade da infância

Convidamos a escritora Marismar Borém para falar da criação do seu mais novo livro, Buriti Grande, publicado pela Aletria. Olha só o que ela escreveu pra gente!

 

Quem foi uma criança criada na roça vai entender, mas quem não foi vai se emocionar

Tenho o costumar de sempre recordar da minha infância na roça. Faço isso para me alegrar ou para contar aos meus filhos as melhores aventuras, quase travessuras que, na maioria das vezes, aconteciam junto aos meus irmãos e aos meus primos.

Era assim: aguardava as férias escolares para viajar com toda a família até um lugarejo onde o tempo ficava perdido no meio da mata e da terra, no pé da serra. Parte da minha infância foi na roça e as doces lembranças viraram assunto de um recente livro, o Buriti Grande.

Ah! As boas recordações também se acumularam no colo e no carinho da avó, de sua comida simples que impregnava aromas de um fogão a lenha, café no bule, biscoitos fritos… E não podia faltar o caldo de cana preparado pelo vovô.

Esse tempo me devolve tantos prazeres naturais de criança esperta que sobe em pé de fruta, pula da ponte e mergulha no rio, cavalga em pangaré, cata lenha para a fogueira, conta histórias e inventa prosa.

Naquela época, o amanhecer na roça era despertado pelo canto da passarada. Tinha leite quentinho direto da teta da vaca (pronto para beber!), brincadeiras na terra que deixavam os pés encardidos e muitas tardes, inteirinhas, comendo frutas em cima de uma árvore.

Tive a grande sorte de ser também uma criança “da roça” e foi assim que toda essa lembrança criou vida própria e ganhou palavras e imagens no Buriti Grande.

Este livro foi escrito com muita emoção. É um mergulho na minha infância e o desejo de levar para muitas pessoas momentos incríveis de contato com a natureza. E foi desse modo que coloquei tudo em um papel, tentando resgatar um encantamento por meio de uma história que faz vibrar o coração.

Acima, Marismar e Manu, preparando o fogão a lenha para o lançamento do Buriti Grande